Advogado diz que o proprietário atuou pessoalmente nas ações de resgate após incêndio na Kiss, que define como "operação de salvamento desastrosa"
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Passeata de moradores de Santa Maria pede punição aos responsáveis pelo incêndio na boate Kiss - Lauro Alves/Agência RBS |
O advogado de Elissandro Spohr, o Kiko, dono da boate Kiss, defendeu a operação do estabelecimento e garantiu que não havia sistema de vigilância dentro do ambiente. Representando seu cliente, Jader Marques fez duras críticas à atuação dos bombeiros na tragédia que matou 235 pessoas em Santa Maria. Segundo ele, Kiko atuou na tentativa de que as pessoas saíssem do estabelecimento em chamas, enquanto tentava buscar a mulher, grávida, que estava no interior da boate quando o incêndio começou.
O Kiko permaneceu naquela operação de salvamento desastrosa, ineficiente e inoperante feita pelos bombeiros naquele momento. "Vocês notaram nas imagens se os bombeiros estavam com as máscaras e os equipamentos devidos? Não. Mais grave do que a falta de equipamento e preparo a que esses heróis são submetidos ao risco em todo o nosso país, é que eles próprios usam os civis nas tentativas de resgate", afirmou.
Marques ainda negou ter havido obstrução das portas. "O Kiko queria ir ao encontro da mulher. Esse é o momento de maior desespero dele. Ele queria entrar, mas queria que as pessoas saíssem", conta. O advogado comentou também que teria ocorrido uma briga logo antes do incêndio e que Kiko teria atuado diretamente na remoção dos envolvidos e estaria na entrada da boate quando a gritaria começou. "O máximo que pode ter ocorrido é que algum segurança pode ter perguntado o que estava acontecendo e ter achado que era parte da confusão anterior", destacou.
Marques apresentou à imprensa diversos documentos do estabelecimento, incluindo o alvará de funcionamento. Ele acrescenta que a boate já teria solicitado a renovação do documento de autorização concedido pelos bombeiros e aguardava a fiscalização. A casa passou por diversas reformas, admite, mas atendia a um termo de ajuste de condutas do Ministério Público para adaptação em relação ao isolamento acústico, garante o advogado. Foi para obedecer a essa norma que o empresário colocou no teto a espuma que queimou e formou a fumaça tóxica que matou a maior parte das vítimas por asfixia. Ele não descartou a possibilidade de a espuma ter sido colocada após a vistoria do MP, mas ressalvou que seu cliente agiu sob a recomendação de um engenheiro e que as intervenções foram realizadas por empresas contratadas.
FONTE: Luís Bulcão, de Santa Maria - Veja