Terminou, na manhã desta quarta-feira (7), a ocupação na Câmara de Vereadores de Crateús. Iniciada no último dia 28 de novembro, o objetivo da manifestação era a interrupção do recesso parlamentar e a apreciação pelos edis de emenda orçamentária que estabelecesse a redução do repasse do Executivo municipal para a Casa Legislativa: de 7% da receita corrente líquida para 2% desse montante.
O protesto era continuidade do movimento pela diminuição dos subsídios dos vereadores, prefeito e vice-prefeito, reajustados em outubro. O aumento, que indignou a população crateuense, elevou o salário dos parlamentares de R$ 8.016,00 para R$ 10.101,00. Com a medida, o salário do presidente da Câmara passou a R$ 17.670,00, mesmo valor dos vencimentos do prefeito e superior ao subsídio recebido pelo governador do Estado do Ceará. Os vereadores de Crateús só se reúnem uma única vez por semana, normalmente às segundas-feiras, à noite.
A indignação do povo consubstanciou-se num projeto de lei de iniciativa popular, que previa a redução do salário dos vereadores. Apesar da coleta de mais de sete mil assinaturas, a proposta foi inteiramente rejeitada pela Câmara, fazendo recrudescer a revolta popular.
Intituladas "sessões populares", manifestações realizadas diante da Câmara atraíram grande público, mas os vereadores ignoraram os apelos da população, entrando em recesso no dia 28 de novembro, sem apreciar a proposta de redução do repasse, provocando a ira de inúmeros cidadãos, que ocuparam a sede do Legislativo municipal.
Os manifestantes afirmam que a desocupação, contudo, não significa desmobilização e que pretendem organizar-se para acompanhar, em parceria com o Ministério Público (MP), os gastos da Câmara e a aplicação dos recursos públicos pela Prefeitura. Também se declaram confiantes nos resultados das investigações promovidas pelo MP, que ontem deflagrou a Operação Bamburral, visando a busca de provas de atos de improbidade administrativa eventualmente cometidos por vereadores de Crateús
A "Missa da Esperança", denominação dada pelos manifestantes, foi presidida pelo padre Helton e concelebrada pelos padres Maurício e Géu.