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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Randolfe oficializa candidatura à presidência do Senado


Senador do PSOL quer fazer oposição a Renan Calheiros (PMDB) e começou a campanha distribuindo um manifesto contra o adversário


Na busca por votos, Randolfe tentará se aproximar até de petistas (Geraldo Magela/Agência Senado)








O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) oficializou nesta segunda-feira sua candidatura para a presidência do Senado, em oposição a Renan Calheiros (PMDB-AL), que, apoiado pelo Palácio do Planalto, é tido como favorito ao cargo. As eleições para substituir José Sarney (PMDB-AP) serão em 1º de fevereiro. 
Com o auxílio do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ele elaborou um documento com suas principais propostas para a presidência e um manifesto atacando o retorno do adversário político ao comando da Casa. Além de encaminhá-lo aos senadores, Randolfe fará contato telefônico com os parlamentares em busca de voto. Primeiramente, recorrerá a Pedro Taques (PDT-MT) e Pedro Simon (PMDB-RS), senadores do grupo tido como “independente”.
Já na próxima semana, o candidato do PSOL iniciará uma sequência de viagens para cumprir agenda pessoal e, claro, se aproximar de seus pares. Na segunda-feira ele estará em São Paulo; quarta-feira parte para o Rio e, na sexta, chega a Recife. Além de conversar com correligionários, Randolfe arriscará até mesmo o contato com parlamentares petistas, como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
O novo candidato diz não se abalar com o favoritismo de Calheiros. “Quero acreditar que o Senado não seja um arremedo da República Velha, em que o eleitor tem voto pré-definido”, afirmou o senador.
Propostas – Para disputar com Calheiros, Randolfe adotou um discurso de mudança. No manifesto entregue aos demais senadores, ele defende que o Senado não pode mais “ser um receptor da agenda do Executivo”. “A Casa tem de ter uma agenda para o Brasil, e não ser um mero meio de complementar a necessidade de votar Medidas Provisórias”, diz. Como exemplo da soberania do Executivo, ele critica o “vexame”, como denomina, da tentativa de votar mais de 3.000 vetos de uma só vez para chegar à votação dos vetos presidenciais à lei de distribuição dos royalties do petróleo. 
O senador planeja, também, aumentar os dias de deliberações. Para eles, as reuniões devem acontecer de segunda a sexta-feira, e não apenas de terça a quinta. Dessa forma, ele diz, a pauta dos vetos poderá ser encerrada com a apreciação de todos eles. Randolfe sugere ainda maior transparência nos gastos do Senado.
Perfil – Formado em história, Randolph Frederich Rodrigues Alves tem 40 anos e é professor universitário. Ele aportuguesou o primeiro nome quando resolveu disputar eleições. Venceu duas, para deputado estadual, ainda pelo PT. Em 2006, já no PSOL, foi derrotado na eleição para a Câmara Federal. Dois anos depois, ficou em quarto lugar na disputa pela prefeitura de Macapá.
Randolfe caminhava para mais uma derrota em 2010, quando tentou uma vaga no Senado. Mas, graças às turbulências da política amapaense, acabou vencendo as eleições depois de ficar a maior parte do tempo em quarto lugar nas pesquisas; a reviravolta eleitoral ocorreu porque a Polícia Federal prendeu Waldez Góes (PDT), então favorito na disputa, sob a acusação de corrupção. Gilvan Borges (PMDB), aliado de Góes e de José Sarney, também perdeu força. João Capiberibe (PSB), tradicional nome da esquerda no estado, teve a candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa, o que ajudou a abastecer de votos a campanha de Randolfe. Ele terminou a disputa como o parlamentar mais votado do estado. Tornou-se o primeiro senador de seu partido a vencer uma eleição  – Marinor Brito, do Pará, chegou a conquistar uma cadeira provisoriamente, mas perdeu o posto quando o Supremo Tribunal Federal devolveu o mandato ao peemedebista Jader Barbalho.
O desafiante de Renan Calheiros na disputa pela presidência do Senado tem fama de moderado – a moderação possível dentro do PSOL. Em 2012, ele ajudou o partido a eleger seu primeiro prefeito em uma capital: Clécio Luís. Mas a dupla gerou protestos da militância da sigla quando ele aceitou o apoio de partidos como o DEM e PSDB.
Em 2010, o parlamentar do PSOL também se lançou candidato à presidência do Senado. Perdeu de José Sarney (PMDB-AP) por setenta votos a oito. Dificilmente terá sorte melhor dessa vez: mesmo a oposição adota um discurso de respeito ao critério da proporcionalidade, o que garante ao PMDB o comando do Senado.
FONTE: Marcela Mattos e Gabriel Castro - Veja
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