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domingo, 3 de março de 2013

No Ceará, oferta de trabalho é maior para médicos e professores

No Interior do Ceará, cresce a presença de profissionais de nível superior. Muitos trocam a Capital pelo sertão. Uma das áreas de maior oferta de trabalho é a medicina. A carência de médicos é evidente. A frequência de editais divulgados para a contratação desse tipo de profissional pelas Secretarias Municipais de Saúde é cada vez maior, tanto para generalistas, como para especialistas. Os professores também lideram em segundo lugar a lista das funções mais demandadas.

Nos municípios, a procura por atendimento de fisioterapia é intensa, mas os salários ainda não são tão atraentes FOTO: HONÓRIO BARBOSA


A partir da ampliação do Programa Saúde da Família (PSF), a demanda médica só cresceu. Outros profissionais (enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e fonoaudiólogos) encontram oferta de emprego mais reduzida, pois há limitações na contratação por parte do serviço público e o mercado privado ainda é bastante restrito.

O espaço de atuação de várias profissões de nível superior vem aumentando no Interior. As cidades cresceram, assim como a demanda e oferta no setor de serviços e há uma tendência continuada de especialização. Até bem pouco tempo, certas ocupações que não eram demandadas, agora encontram os primeiros espaços de atuação profissional.

O Interior oferece vantagens: proximidade da família para quem tem raízes no sertão, reduzido custo de vida, tranquilidade, menor tempo de deslocamento entre o local de trabalho e a residência, mais segurança, qualidade de vida e bons salários.

Aqueles que trocaram o Interior pela Capital queixam-se da violência, da elevada demora no trânsito e também do concorrido mercado e da falta de vagas nos grandes centros urbanos. "Em Fortaleza, a gente passa três horas dentro do carro, parado em engarrafamento", observa o fisioterapeuta, Danilo Rodrigues. "É uma vida sem sossego".

As vantagens e desvantagens entre a Capital e o Interior são consenso entre os profissionais. "Nas grandes cidades do Interior está bom de viver", observa o médico, Pedro Alberto Freire Filho, formado há dois anos. "Os aspectos negativos são a falta de cursos de capacitação e de estrutura adequada nas unidades públicas". Outro ponto negativo apontado pelos profissionais é a instabilidade no emprego.

Quem termina o curso de Medicina encontra facilidade em conseguir o primeiro emprego, geralmente em unidades de atendimento do PSF e em emergência de hospitais públicos. Sobra convite para trabalhar e as prefeituras disputam esses profissionais. É a profissão atual que conta com maior oferta de trabalho. "É uma área privilegiada, com bons salários", observa Pedro Freire Filho.

Na via oposta, estão os enfermeiros. O número de profissionais aumentou consideravelmente nos últimos dez anos em decorrência da abertura de vários cursos nas faculdades instaladas no Interior. A demanda, entretanto, não acompanhou o ritmo de crescimento do número de formandos. Resultado: sobra mão-de-obra no mercado.

Os enfermeiros recém-formados não encontram trabalho. "Não adianta currículo e especialização. Vale quem indica", disse a enfermeira, Adriana Oliveira, formada há dois anos. "Só consegue emprego quem tem indicação política".

Os profissionais de Enfermagem também reclamam da falta de concursos públicos para a área. A queixa mais recorrente diz respeito ao fato de que, quando há seleção, o número de vagas é reduzido.

No início da década de 1990, quando os municípios do Ceará começaram a implantar o Programa Saúde da Família (PSF), houve necessidade de contratação de enfermeiros e faltavam esses profissionais no Interior. O jeito foi contratar na Paraíba e em Fortaleza.

A enfermeira Cleide Melo vivenciou esse período. "Praticamente, fui contratada no fim do meu curso, pois fui convidada para vir para Iguatu", contou. "Naquela época, foi fácil, mas agora a realidade está totalmente inversa". Concursada, Cleide Melo trabalha na zona rural no PSF. "A vantagem é que a gente tem uma vida mais calma, mas falta estrutura adequada de trabalho", considera. A fonoaudióloga Cláudia Machado, formada há seis anos, avalia que a profissão ainda é desvalorizada no Interior. "Há necessidade dos serviços, mas o poder público ainda contrata pouco", observou. Até a década passada só havia uma profissional da área em Iguatu, mas hoje são seis. Os exames audiométricos são ofertados em duas clínicas.

Concursos

No Centro de Reabilitação de Iguatu, uma equipe de fisioterapeutas atende centenas de pacientes por semana. "Em todas as cidades, há necessidade dos serviços de fisioterapia, pois são crescentes os casos de traumas por acidente físico e cerebral", observa o fisioterapeuta, Danilo Rodrigues. "O setor público precisaria contratar mais com melhores salários".

Outra profissão ainda restrita no Interior é o terapeuta ocupacional. "Quem é da cidade, tem mais facilidade em conseguir ocupação", avalia Venceslau de Araújo, que há 12 anos está em Iguatu. "Há dez anos só existiam dois profissionais e o mercado de atuação era mais restrito".

Cristiane Sanches, fisioterapeuta, deixou pais e irmãos em Fortaleza e veio para o Interior em busca de oportunidade de trabalho, logo depois de formada, há cinco anos. "Hoje, no Interior, está mais fácil conseguir trabalho, mas o maior empregador é o setor público", disse.

Uma das profissões com maior oferta de vagas é o magistério. Os docentes, entretanto, reclamam da falta de estrutura das escolas, da desatenção dos alunos e do reduzido salário. "Acho bom contribuir com o crescimento das pessoas, mas o educador é desvalorizado", afirma a professora Edilânia Bento.

FONTE: Diário do Nordeste
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