Os servidores públicos municipais de Crateús compareceram em peso na sessão da Câmara Municipal de Crateús dessa quinta-feira (2). Dezenas de servidores já aguardavam do lado de fora da Casa, depois de participarem de ato público, na Praça da Matriz. Muitos não conseguiram assento e tiveram de permanecer de pé, enquanto outros tantos ficaram do lado de fora por falta de espaço na plateia.
A participação na sessão da Câmara fazia parte da programação desta quinta-feira, marcada por manifestações dos servidores contra a proposição da administração municipal, que pretende instituir o regime estatutário no município e implantar Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
A sessão já começou com atraso de mais de uma hora, em virtude de reunião ocorrida anteriormente. A portas fechadas, representantes do Sindicato dos Professores, vereadores e o chefe de gabinete do prefeito, Elder Leitão, discutiram a tramitação de projeto de reajuste salarial dos professores. A categoria pedira a retirada de pauta da proposta, que estava em desacordo com as deliberações da assembleia sobre o assunto. O projeto foi retirado de pauta.
Na tribuna, o vereador Bibi (PMDB) criticou duramente a proposição da municipalidade de mudar o regime trabalhista dos servidores e solicitou que a gestão não envie o projeto à apreciação da Casa. Para o vereador, a discussão da proposta desvia o foco dos grandes problemas do município, como a seca.
O vereador Toré (PV), pela primeira vez, falou na tribuna da Câmara. Declarou-se um vereador autônomo e afirmou que, apesar de ser o menos votado dentre todos os vereadores, seu voto não tem menos valor que o de seus pares. Toré disse, ainda, que apenas ele manda em seu voto.
O vereador Alesson Coelho (PSDB) também defendeu a autonomia e independência do vereador e cobrou mais atuação por parte do Ministério Público. O vereador também defendeu o projeto de anistia a policiais e bombeiros militares pela participação no movimento paredista da categoria em 2011, atualmente em tramitação no Senado.
Arnaldo Minelvino (PSDB) parabenizou a postura do colega Toré e da vereadora Eva. Criticou os 'erros de digitação' da gestão municipal e cobrou da prefeitura informações requeridas. O vereador também afirmou que os exemplos de outros municípios, onde as mudanças propostas pela gestão foram implementadas, já são suficientes para rejeitar o projeto da mudança de regime.
O vereador Zé Humberto (PCdoB) criticou o corte do ponto dos profissionais de saúde que participaram das manifestações dessa quinta-feira. "Este PCdoB que eu pertenço, pertenço a ele, não é PCdoB", disse o vereador. Defendeu a democracia na prefeitura e na Câmara Municipal. Chamou atenção, ainda, à transitoriedade do cargo. "Senhor prefeito, o senhor vai passar e Crateús vai ficar", completou.
Antônio Luiz Jr. (DEM) lembrou o falecimento de Dr. Brilhante, médico veterinário, falecido no último sábado (27). Relatou ter tomado conhecimento de que a perfuração de poços profundos no município poderia estar seguindo critérios políticos e não técnicos. Cobrou os estudos geológicos dos poços perfurados. O vereador, que é professor da rede pública municipal, manifestou apoio à demanda dos servidores e defendeu mais discussão nos projetos em tramitação na Casa.