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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Jornal Valor Econômico expõe o descaso com a educação pública em Crateús

Valor Econômico, o mais importante veículo de economia, finanças e negócios do Brasil, denuncia o descaso da gestão municipal de Crateús com as escolas da rede pública.


A garota Manoela folheia livro em biblioteca instalada
no banheiro da Escola Municipal José Mendes de Almeida, em Tamboril
Diretora, professores e funcionários da Escola Municipal Olavo Bilac, em Crateús, "fazem o que podem" para, dia a dia, garantir um bom aprendizado aos 625 alunos de ensino fundamental. Os mesmos profissionais admitem, contudo, que o objetivo nem sempre é alcançado. A lista de obstáculos é extensa: pouco apoio da prefeitura, espaço inadequado para atividades pedagógicas e recreativas, indisciplina, pobreza dos estudantes, desinteresse dos pais, falta de pessoal, inclusive de psicólogo.
A Olavo Bilac é uma escola tradicional, fica na principal avenida de Crateús, uma das cidades do Semiárido cearense mais afetadas pela seca, a 350 km de Fortaleza. O município, de 72 mil habitantes, é polo comercial do Sertão dos Inhamuns, região que abrange 15 outros municípios e uma população de mais de 500 mil habitantes.
Valor passou uma tarde no colégio e a impressão que fica é a de um local confuso. Vaivém de alunos e adolescentes não matriculados em horário de aula, discussões na hora da merenda, docentes desmotivados. A "atividade" de tempo integral da escola, paga com recursos federais do Mais Educação, é outro exemplo de caos: dois grupos fazem reforço de português e matemática, outro tem aula de violão e o quarto assiste a "O Auto da Compadecida", de Guel Arraes, sem a presença de um monitor. Tudo isso acontece simultaneamente no mesmo galpão, do tamanho de duas classes.
"Todo ano pedimos reforma e a contratação de mais pessoal, mas não somos atendidos pela prefeitura", reclama a diretora Maria Iracema Matos. O prefeito de Crateús, Carlos Felipe Saraiva (PCdoB), leva as críticas para o lado partidário. "A mulher é opositora radical do PSOL, não merece consideração."
Problemas políticos à parte, professores lembram que "quase 100%" dos alunos são beneficiários do Bolsa Família. Aí está a explicação para o baixo desempenho da escola nos indicadores educacionais, abaixo da média cearense, pondera Zaira Michele, docente de 32 anos. "Eles vêm sem nenhuma perspectiva, têm problemas familiares que deveriam ter acompanhamento especializado, de um psicólogo ou psicopedagogo."
A 60 km de Crateús, na vizinha Tamboril, no povoado de Poços, onde vivem 45 famílias, professores da Escola Municipal Rural José Mendes de Almeida não acreditam que a situação econômica dos alunos interfira no aprendizado. "Os pais aqui do assentamento são pobres e têm pouco estudo, mas isso não impede que eles incentivem seus filhos a fazer os deveres", diz a professora Claudiana da Luz, de 25 anos.
Para ela e suas colegas, o que mais atrapalha a aprendizagem é "uma escola descuidada". A pequena unidade, com menos de cem alunos em classes multisseriadas, está esquecida: paredes sujas, mobiliário danificado e, difícil de acreditar, uma biblioteca instalada dentro do banheiro - os dois em funcionamento.

Um comentário :

  1. O prefeito de Crateús deixa de resolver os principais problemas da cidade e, inconsequentemente, tenta esconder-se atrás de um discurso chulo: "A mulher é opositora radical do PSOL, não merece consideração." Sr. prefeito, respeite os servidores municipais, respeite o povo de Crateús e cumpra seu papel de prefeito.

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