Ministério Público, Igreja Católica e representantes do movimento contrário à abertura das comportas do açude Flor do Campo manifestaram-se nesta segunda-feira (29) contra a liberação da água do reservatório, ocorrida na madrugada de hoje.
Comporta do açude Flor do Campo, em Novo Oriente. |
Por volta das 4h30 da manhã, sob forte escolta policial, mais de 60 homens, segundo relato de populares, funcionários do governo estadual abriram a válvula que controla o fluxo de água através da comporta. A válvula foi em seguida quebrada, para que não pudesse ser novamente fechada.
O destino da água é o açude Carnaubal, em Crateús, município ameaçado de sofrer colapso no abastecimento d'água. Ao todo, serão liberados cerca de 7 milhões de metros cúbicos de água, que levarão aproximadamente 20 dias, segundo a Cogerh, para percorrer os mais de 40 Km que separam os dois reservatórios.
O volume de água que alcançar o Carnaubal, segundo a Companhia, será suficiente para solucionar emergencialmente o problema hídrico de Crateús, garantindo o abastecimento até janeiro de 2014. O volume remanescente de água no Flor do Campo, de acordo com os técnicos, será o bastante para garantir o suprimento hídrico de Novo Oriente até dezembro do ano que vem. Para o movimento "Cerco de Jericó", liderado pela Igreja Católica, contudo, a operação implicará em expressivo desperdício de um recurso já muito escasso, além de ser apenas um paliativo para um problema que tende a agravar-se, caso medidas mais efetivas não sejam tomadas.
Confira imagens do açude Flor do Campo após a abertura das comportas
Localização da comporta dentro do açude. |
O volume de água que alcançar o Carnaubal, segundo a Companhia, será suficiente para solucionar emergencialmente o problema hídrico de Crateús, garantindo o abastecimento até janeiro de 2014. O volume remanescente de água no Flor do Campo, de acordo com os técnicos, será o bastante para garantir o suprimento hídrico de Novo Oriente até dezembro do ano que vem. Para o movimento "Cerco de Jericó", liderado pela Igreja Católica, contudo, a operação implicará em expressivo desperdício de um recurso já muito escasso, além de ser apenas um paliativo para um problema que tende a agravar-se, caso medidas mais efetivas não sejam tomadas.
Confira imagens do açude Flor do Campo após a abertura das comportas
Contrário à transposição por canal a céu aberto, ou seja, sem adutora, medida apontada pela Cogerh como a única solução para livrar Crateús do risco de desabastecimento, o movimento ocupou, no último dia 21 de junho, as imediações do Flor do Campo. Acampamento foi erguido nas proximidades da comporta, na tentativa de evitar a liberação da água do açude.
Abertura da comporta do Flor do Campo:
Válvula da comporta é quebrada para evitar fechamento:
A Igreja Católica apoiou firmemente o movimento. Os bispos do Ceará, incluindo o arcebispo de Fortaleza, assinaram documento em que manifestaram seu posicionamento favorável à transposição somente através de adutora. O bispo de Sobral celebrou missa no açude Flor do Campo em apoio à manifestação. O bispo de Iguatu fez o mesmo na Igreja São Vicente, em Crateús.
Veja a matéria da TV Diário sobre a abertura da comporta:
Apesar de todas as manifestações contrárias, o governador Cid Gomes, apoiado pelos prefeitos de Crateús e Novo Oriente, determinou a abertura da comporta do Flor do Campo e a liberação de milhões de metros cúbicos de água no leito seco do rio Poty. Mais de 10 horas após o descerramento da comporta, menos de 3 Km haviam sido percorridos pelo líquido. No caminho até o Carnaubal, inúmeros obstáculos, como muitos cacimbões, onde potentes bombas já foram instaladas por produtores locais, exatamente esperando a abertura da comporta.
As reações foram imediatas. Um dos líderes do movimento "Cerco de Jericó", padre Alexandre criticou duramente a liberação da água. O promotor José Arteiro Soares Goiano também expressou sua indignação. A sindicalista Adriana Calaça e Elias de França, membro da Comissão Diocesana de Justiça e Paz de Crateús, também lamentaram o fato. Além deles, dezenas de populares que compareceram ao reservatório também se opuseram à operação da Cogerh. Ouça os depoimentos: