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terça-feira, 30 de julho de 2013

Sociedade expressa indignação contra abertura das comportas do Flor do Campo

Ministério Público, Igreja Católica e representantes do movimento contrário à abertura das comportas do açude Flor do Campo manifestaram-se nesta segunda-feira (29) contra a liberação da água do reservatório, ocorrida na madrugada de hoje.

Comporta do açude Flor do Campo, em Novo Oriente.
As populações de Novo Oriente e Crateús acordaram estarrecidas nesta segunda-feira. Apesar de todos os apelos, o governo do estado, através da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos-Cogerh, contrariando a posição majoritariamente contrária da população, procedeu à abertura da comporta do açude Flor do Campo, em Novo Oriente.

Por volta das 4h30 da manhã, sob forte escolta policial, mais de 60 homens, segundo relato de populares, funcionários do governo estadual abriram a válvula que controla o fluxo de água através da comporta. A válvula foi em seguida quebrada, para que não pudesse ser novamente fechada.


Localização da comporta dentro do açude.
O destino da água é o açude Carnaubal, em Crateús, município ameaçado de sofrer colapso no abastecimento d'água. Ao todo, serão liberados cerca de 7 milhões de metros cúbicos de água, que levarão aproximadamente 20 dias, segundo a Cogerh, para percorrer os mais de 40 Km que separam os dois reservatórios. 

O volume de água que alcançar o Carnaubal, segundo a Companhia, será suficiente para solucionar emergencialmente o problema hídrico de Crateús, garantindo o abastecimento até janeiro de 2014. O volume remanescente de água no Flor do Campo, de acordo com os técnicos, será o bastante para garantir o suprimento hídrico de Novo Oriente até dezembro do ano que vem. Para o movimento "Cerco de Jericó", liderado pela Igreja Católica, contudo, a operação implicará em expressivo desperdício de um recurso já muito escasso, além de ser apenas um paliativo para um problema que tende a agravar-se, caso medidas mais efetivas não sejam tomadas.

Confira imagens do açude Flor do Campo após a abertura das comportas


Contrário à transposição por canal a céu aberto, ou seja, sem adutora, medida apontada pela Cogerh como a única solução para livrar Crateús do risco de desabastecimento, o movimento ocupou, no último dia 21 de junho, as imediações do Flor do Campo. Acampamento foi erguido nas proximidades da comporta, na tentativa de evitar a liberação da água do açude.

Abertura da comporta do Flor do Campo:
 
Em reuniões com representantes do governo do estado, inclusive com o próprio governador, o movimento expôs alternativas à abertura das comportas sem a construção de adutora, como a utilização do aquífero aluvionar, reservatório subterrâneo de água, abaixo do leito do rio, e a transferência hídrica a partir do açude Jaburu II, utilizado predominantemente para irrigação, localizado no município de Independência.


Válvula da comporta é quebrada para evitar fechamento:
A Igreja Católica apoiou firmemente o movimento. Os bispos do Ceará, incluindo o arcebispo de Fortaleza, assinaram documento em que manifestaram seu posicionamento favorável à transposição somente através de adutora. O bispo de Sobral celebrou missa no açude Flor do Campo em apoio à manifestação. O bispo de Iguatu fez o mesmo na Igreja São Vicente, em Crateús.


Veja a matéria da TV Diário sobre a abertura da comporta: 
Apesar de todas as manifestações contrárias, o governador Cid Gomes, apoiado pelos prefeitos de Crateús e Novo Oriente, determinou a abertura da comporta do Flor do Campo e a liberação de milhões de metros cúbicos de água no leito seco do rio Poty. Mais de 10 horas após o descerramento da comporta, menos de 3 Km haviam sido percorridos pelo líquido. No caminho até o Carnaubal, inúmeros obstáculos, como muitos cacimbões, onde potentes bombas já foram instaladas por produtores locais, exatamente esperando a abertura da comporta.

As reações foram imediatas. Um dos líderes do movimento "Cerco de Jericó", padre Alexandre criticou duramente a liberação da água. O promotor José Arteiro Soares Goiano também expressou sua indignação. A sindicalista Adriana Calaça e Elias de França, membro da Comissão Diocesana de Justiça e Paz de Crateús, também lamentaram o fato. Além deles, dezenas de populares que compareceram ao reservatório também se opuseram à operação da Cogerh. Ouça os depoimentos:
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