Para pesquisadores, professores também devem receber apoio da coordenação pedagógica.
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| (João Bittar/MEC) |
O aumento das taxas de aprovação nas escolas de todo o País e, por consequência, a queda nos índices de reprovação, evasão e abandono dependem da garantia do aprendizado das crianças. Para que isso aconteça, especialistas são unânimes em afirmar que o projeto pedagógico das escolas deve garantir suporte constante aos alunos, com sistemas de reforço escolar e recuperação.
“A criança não pode não aprender”, resume a diretora executiva da Fundação Victor Civita, Angela Dannemann. “A reprovação não deveria existir. Hoje, temos a progressão continuada, que seria uma solução se não tivesse sido distorcida como foi, criando um sistema de aprovação automática. Não tivemos, no Brasil, um entendimento correto do que ela é.”
Angela ressalta que, em busca de uma aprendizagem satisfatória dos alunos, a escola deve ter um claro e detalhado diagnóstico de seus alunos para poder tomar providências em relação a cada um. “A equipe pedagógica deve ter uma análise completa desse aluno, com informações claras que incluam, por exemplo, dados sobre a sua família. Por exemplo, os pais da criança sabem ler e escrever? Saber do ambiente familiar do aluno ajuda a compreender seu perfil”, afirma.
Para ela, a coordenação pedagógica também deve, por outro lado, dar apoio aos professores nesse processo, discutindo as melhores formas de agir de acordo com as demandas das crianças.
Acompanhamento
Não aprender e, consequentemente, repetir o ano, segundo os especialistas, tem como principal efeito o risco da evasão. “O prejuízo da repetência é muito grande e está ligado diretamente à desistência da vida escolar. O resultado disso na escola pública é um desastre”, afirma Maria Amabile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). “Estudos mostram que a repetência não traz mais aprendizado – não ensina.” Ela concorda que a implantação do sistema de ciclos em grande parte das redes públicas brasileiras apresenta deficiências.
Amabile ressalta que falta, por parte das escolas, a consolidação de um sistema de acompanhamento mais eficaz das turmas. “Existe algum controle, mas não efetivo. Precisamos refletir sobre como desenvolvemos salas de apoio, projetos de recuperação, formação continuada de professores e inovações pedagógicas”, resume.
Segundo ela, é preciso ainda investir em modelos diversificados de recuperação, atendendo os mais diferentes perfis de alunos. Políticas de apoio para quem reprova pela primeira vez também devem ser desenvolvidas, assim como metas bem definidas de aprendizagem e um processo avaliativo sólido e constante, aponta Amabile.
Diversidade
A equipe pedagógica da escola também deve estar sempre atenta para a heterogeneidade das turmas, uma vez que existem diferenças de ritmos entre os alunos e todos devem ser respeitados. “Parte das crianças aprende normalmente, mas sabemos que existe uma parcela que tem dificuldades. A escola deve estar atenta para detectar se são questões extrínsecas a ela, como fatores socioeconômicos e familiares, por exemplo, ou se estão ligados a transtornos neurobiológicos de aprendizagem”, explica a especialista em psicopedagogia Maria Irene Maluf.
A ausência de uma boa Educação infantil, segundo ela, é também um fator que pode dificultar o trabalho nos anos seguintes. “Muitas crianças que fizeram creche e pré-escola não apresentam tantas dificuldades na alfabetização como aquelas que ficaram excluídas. Elas precisam de atenção especial. Muitos casos de repetência começam aí e, depois, fica cada vez mais complicado recuperar o interesse desses alunos pela escola”, relata Maria Irene.
Ela afirma que é preciso cuidar da autoestima desses estudantes desde o início da escolarização. “Eles precisam do máximo de estimulação possível. Não adianta ter o melhor professor particular que existe porque não vai funcionar se eles não estiverem motivados”,
FONTE: Todos Pela Educação
