Segundo crítica do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), violência dos Black Blocs não enfraquece "grandes empresários", joga opinião pública contra manifestações e dá motivo para a repressão policial.
As mobilizações que sacodem o país desde junho trouxeram também novos debates para o movimento. Um deles tem a ver com a ação dos “Black Blocs”, presentes com frequência nas passeatas. Seus integrantes se vestem de negro e usam máscaras para dificultar sua identificação pela polícia. Esses grupos atraem ativistas pela radicalização dos seus métodos de ação, como as depredações de bancos e lojas.
O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) critica a estratégia empregada pelos "Black Blocs", que estariam se aproveitando das manifestações para aplicar seus métodos.
"As greves e manifestações de ruas são o caminho pelo qual a classe trabalhadora e a juventude podem mudar o país e garantir as transformações sociais necessárias. Neste sentido, discordamos das ações vanguardistas por parte de grupos que se aproveitam das mobilizações para aplicar seus métodos, descolados do movimento", diz nota do PSTU.
O partido reafirma a defesa dos ativistas desses grupos contra a repressão policial e consideram que a origem da violência é a exploração capitalista e a repressão da polícia.
Mesmo assim, para a legenda, as ações desses grupos parecem completamente equivocadas. De acordo com o PSTU, os “Black Blocs” defendem a “propaganda pela ação”. Ou seja, defendem a utilização do método das depredações das fachadas de bancos, empresas, lojas de grifes e tudo o que simboliza o capitalismo porque, assim, estariam enfraquecendo o sistema.
Para o partido, esses métodos não enfraquecem os grandes empresários. Ao contrário, dão-lhes um argumento para jogar a opinião pública – e muitos trabalhadores – contra as manifestações e, assim, preparar a repressão. "Sua 'ação direta' é típica de setores de vanguarda, descolados das massas, que terminam por fazer o jogo da direita, justificando a repressão", afirma o PSTU.
Na concepção do PSTU, os "Black Blocs" são provocadores da repressão policial e prejudicam as manifestações. "[Os Black Blocs] entram nas passeatas e, sem que tenha havido qualquer deliberação por parte dos manifestantes ou dos grupos que organizaram o protesto, atacam de forma provocativa a polícia, que reage, sistematicamente, reprimindo e muitas vezes acabando com as mobilizações. Agem como provocadores da repressão policial, tendo sido responsáveis, muitas vezes, por acabar com várias passeatas. Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro, nas últimas manifestações pelo 'Fora Cabral'".
Momento em que 'P2' infiltrado em ato no Rio se identifica aos colegas policiais. |
Segundo a crítica do partido, também foi "claramente comprovado" pelos episódios no Rio de Janeiro que esses grupos sofrem com a infiltração de policiais provocadores, que se utilizam deles para acabar com as mobilizações. Foram amplamente divulgadas as imagens de dois policiais infiltrados, os chamados "P2", saindo da manifestação e se identificando aos colegas. "É muito fácil para um policial usar uma máscara, jogar um coquetel molotov contra a própria polícia, justificando a repressão", avalia o PSTU.
O partido ainda critica os radicais "Black Blocs" pela falta de um "programa revolucionário". "Esses grupos são apenas 'radicais' na metodologia. Não têm um programa revolucionário. Qual é o programa defendido pelos 'Black Blocs'? Isso não é respondido por nenhum dos portais ou comunidades nos quais eles estão agrupados. Isso só pode ser explicado por um desprezo a qualquer programa, como se bastasse quebrar uma loja para derrotar o capital", critica a legenda.
O PSTU diz que não é pacifista, mas defende a violência das massas e não a de pequenos grupos. Para a agremiação, os métodos de luta e as ações radicalizadas das massas (como as greves, os piquetes, as ocupações de fábricas, de latifúndios, prédios públicos etc.) são muito mais eficazes e muito mais revolucionárias do que quebrar vitrines e lojas.
"O PSTU defende a ação direta das massas porque não serão os acordos por cima ou as eleições que irão mudar o país. Entretanto, a verdadeira ação revolucionária é a ação das massas. E não de pequenos grupos. Foram as grandes manifestações de massas de junho que mudaram o país e não a depredações de fachadas e vidraças", finaliza.
FONTE: PSTU