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sábado, 14 de dezembro de 2013

Algo sobre a morte dos 5 bandidos na região dos Sertões de Crateús

Lourival Veras

Na madrugada da última quarta-feira (11), um bando assaltou a agência do Bradesco de Ararendá (CE). Na fuga, trocaram tiros com uma patrulha da polícia militar e um PM foi atingido, vindo a óbito. Em consequência, foi montado um cerco aos bandidos, posteriormente descobertos próximo à cidade de Ipueiras (CE), onde houve uma forte troca de tiros e 5 suspeitos foram mortos. Ponto. Esta é a notícia.

O que suscita um pouco de reflexão sobre esse assunto é a reação de grande parte das pessoas – em rodas de conversas em mesas de bar, na fila do banco, durante as compras no supermercado, na porta da escola, mas, principalmente, nas redes sociais –, que justifica, endossa e instiga a ação da polícia. O principal argumento é: "bandido bom é bandido morto" (coisa que lembra os faroestes americanos de matança desenfreada de seus nativos índios).

Então nos perguntamos: será que esse tipo de reação se deve ao fato de ser o policial morto um jovem recém-ingresso na PM, pessoa benquista em sua comunidade, menino com um futuro possivelmente brilhante pela frente? Será que é porque era nosso amigo, da nossa convivência, em quem esbarrávamos pelas ruas de vez em quando? Ou, frustrados e desiludidos com a violência em nossas cidades, cansados de ver a "justiça" falhando em penalizar políticos ladrões e gestores corruptos, amargurados com a carência de bens essências ao nosso bem-estar, como saúde, educação, segurança e lazer, estamos apenas externando nossa satisfação com a vingança alheia?

Porque é bom não confundir esse tipo de ação com eficiência da polícia. Não é. Uma polícia eficiente é aquela que previne, que atua para evitar o crime – e com o menor número de mortos e feridos possível; não aquela que mata. Recentemente, a polícia da Islândia matou uma pessoa pela primeira vez na sua história, e lamentou isso profundamente. A polícia brasileira, por outro lado, é uma das mais letais do mundo. Criada com o objetivo de defender o estado de seus inimigos (resquícios da ditadura), carrega em suas ações uma "lógica da guerra". O que aconteceu em São Paulo há não muito tempo, com uma guerra declarada entre criminosos e policiais e chacinas de ambos os lados, é exemplo disso.

Bom, quer dizer então que se fosse alguém meu ou querido para mim, eu não sentiria ódio, não iria querer vingança? Claro que sim, não sou santo. Contudo, é justamente para evitar essa reação "selvagem", do cada um por si, que existe o estado. E o estado necessita ser melhor que o indivíduo, não pode e nem deve ter sentimentos de vingança. Senão, para que serviriam as leis?

Aquele que mata um policial é rápida e indubitavelmente morto! E a grande, média e pequena mídia apoia. A população dá vivas. Os policiais são chamados de heróis. E todo aquele que questiona "por quê?"... é um abestado. No mínimo.

Enquanto isso, rogamos a deus para não sermos roubados nem sofrermos qualquer violência enquanto andamos "desprevenidos" pela nossa querida e insegura cidade. Amém.

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