Ana Joaquina Elias, agente de saúde no município de Crateús, luta contra um melanoma (câncer de pele mais agressivo) e aguardava há meses que o SUS dispensasse medicação essencial para seu tratamento.
Dona Ana Joaquina Elias de França Rocha, 56 anos, atua como agente comunitário de saúde (ACS) desde 1987, quando foi criado o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) pelo então Secretário de Saúde do Estado, Carlile Lavor. Foi uma das pioneiras do Programa, quando o mesmo tinha caráter emergencial/provisório.
A contínua exposição ao sol na árdua rotina de ir de casa em casa e bater de porta em porta, na localidade de Arvoredo, onde atua, levou Ana Joaquina a contrair um melanoma, o mais grave e agressivo tipo de câncer de pele, de rápida progressão, difícil tratamento e altos índices de mortalidade.
Ana Joaquina e família. FOTO: Jorge Elias |
A contínua exposição ao sol na árdua rotina de ir de casa em casa e bater de porta em porta, na localidade de Arvoredo, onde atua, levou Ana Joaquina a contrair um melanoma, o mais grave e agressivo tipo de câncer de pele, de rápida progressão, difícil tratamento e altos índices de mortalidade.
Ao tentar diagnosticar a doença em Crateús, não teve nenhuma atenção da saúde pública local, não conseguindo sequer uma biópsia. Sem assistência no seu município, foi a Fortaleza, buscou amparo de parentes, onde foi muito bem atendida por médicos amigos da família. Fez cirurgia para retirar tumor e radioterapia. Mas a doença continuou evoluindo. Agora, a única chance de sobrevida de Ana Joaquina depende do medicamento antineoplásico VEMURAFENIB (ZELBORAF), de fabricação estrangeira, já testado e aprovado na Europa e nos Estados Unidos e disponível no mercado Brasileiro.
14/03/2014. Inauguração da policlínica. Familiares e colgas de Ana Joaquina protestam contra a demora do governo do Estado em dispensar medicamento contra o câncer FOTO: Mirella Soares |
Para garantir seu tratamento, em 20/11/2013, Ana Joaquina entra com requerimento administrativo junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), através da Defensoria Pública da União - DPU, pedindo a compra do medicamento. Não tendo sido atendida, foi impetrada ação judicial, em 13/12/2013, junto à Justiça Federal, tendo decisão favorável: o Juiz João Luís Nogueira Matias, da 5° Vara de Justiça Federal, determinou que o SUS adquirisse o medicamento, tendo como réus: União, Estado e Município. No dia 26/12/13, o processo foi enviado à Coordenadoria de Assistência Farmacêutica do Ceará-COASF, para a compra imediata do remédio, sem a necessidade de processo licitatório. Em 27/02/14, o Ministério da Saúde repassou a quantia de R$ 81,9 mil ao Tesouro do Estado para aquisição do medicamento, mas a compra não foi efetuada.
Inconformados com a demora, familiares de Ana Joaquina e agentes de saúde do município mobilizaram a opinião pública crateuense através das redes sociais e realizaram manifestação em 14 de março, quando o governador Cid Gomes e seu irmão Ciro, secretário de Estado da Saúde, estiveram em Crateús para inaugurar a policlínica.
A mobilização resultou num encontro entre familiares de Ana Joaquina e os Ferreira Gomes, no mesmo dia da inauguração. Na ocasião, Ciro, como já é de praxe, descontrolou-se diante das cobranças em prol da agente de saúde e mandou um de seus irmãos "ir à merda". Mesmo assim, o governador Cid garantiu, publicamente, que a compra do medicamento ocorreria em 15 dias.
Enquanto aguardavam a dispensação do medicamento pelo SUS, familiares e amigos promoveram campanha com a finalidade de arrecadar recursos e conseguiram comprar algumas caixas do produto.
Enquanto aguardavam a dispensação do medicamento pelo SUS, familiares e amigos promoveram campanha com a finalidade de arrecadar recursos e conseguiram comprar algumas caixas do produto.
Somente na última terça-feira (15), mais de um mês depois da inauguração da policlínica e mais de três meses após o governo do Estado ser notificado da decisão judicial que obriga o SUS a comprar o remédio, o medicamento foi finalmente dispensado à Ana Joaquina. O compromisso da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) é de que, a partir de agora, a família precisará apenas apresentar a receita médica para que o medicamento seja entregue.