Para o Dr. Augusto Pimazoni Netto, Coordenador dos Grupos de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, a resposta a esta indagação seria não.
De acordo com o médico, os resultados de estudos clínicos conduzidos recentemente evidenciam que 90% dos diabéticos tipo 1 e 73% dos diabéticos tipo 2 não apresentam controle adequado do diabetes. "Esses resultados podem estar relacionados à baixa eficácia dos esquemas terapêuticos utilizados ou ao baixo índice de insulinização de nossa população diabética. Outros importantes fatores contributivos incluem a baixa aderência ao tratamento de longo prazo, a falta de programas de educação continuada em diabetes na maioria dos municípios brasileiros ou à falta de condições financeiras que possibilitem ao paciente ter acesso a outros medicamentos mais recentes e não disponíveis na rede pública", explica Dr. Pimazoni.
O médico chama a atenção para a necessidade de melhorar o arsenal de medicamentos antidiabéticos disponíveis aos usuários do SUS:
"Basicamente, a rede pública oferece uma sulfonilureia (glibenclamida), a metformina e a insulina humana. A combinação de sulfonilureia + metformina pode ser bastante eficaz em muitos casos, mas não é um combinação que seja eficaz pelo resto da vida. Afinal de contas, o diabetes é uma doença evolutiva e, com o passar do tempo, exige adaptações frequentes da conduta terapêutica. Nas condições atuais, o único passo seguinte à combinação sulfoniluréia + metformina seria a insulinização, a qual apresenta alta eficácia também no tratamento do diabetes tipo 2, mas pode comprometer o índice de adesão do paciente ao tratamento em vista da rejeição frequentemente manifesta pelos pacientes aos tratamentos injetáveis. Na rede pública não há disponibilidade para um terceiro antidiabético oral quando falha a combinação de sulfoniluréia + metformina".
O médico defende a dispensação gratuita de um medicamento oral, com alta eficácia e baixos níveis de efeitos adversos, que não promova aumento de peso e que não aumente o risco de hipoglicemias. Ou seja, um medicamento com o perfil terapêutico das gliptinas, também chamadas de inibidores do DPP-4, a qual deveria ser usada como terceiro antidiabético oral, quando falha a combinação clássica de sulfoniluréia + metformina.
Para o especialista, é evidente a necessidade médico-terapêutica da inclusão das gliptinas no arsenal de tratamento do diabetes na rede pública, restando ao governo negociar com os fabricantes o fornecimento desse medicamento a um custo compatível com as condições financeiras da saúde pública. A inclusão de uma nova opção terapêutica seria um passo importante no sentido de minorar o problema do mau controle do diabetes.