Blog do Fábio Ripardo : Crateús: colapso no abastecimento d'água pode ocorrer em março

Açude Carnaubal, que abastece o município de Crateús e que está com 9,67% de sua capacidade. FOTO: Facebook de Cristina de Paula Santos

O município de Crateús está em estado de alerta com relação à quantidade de água ainda existente no Açude Carnaubal, e deve sofrer um colapso no abastecimento de água. O reservatório possui apenas 9,67% do seu volume total e a previsão é que deixe de abastecer a cidade no final do mês de março.

Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, Teobaldo Marques, o volume atual do açude está em 8,48 milhões de metros cúbicos e quando chegar a 7 milhões de metros cúbicos não irá mais liberar água. “A reserva de água que nós temos só abastece dois meses (fevereiro e março). O agravante é que quando chegar a 7 millhões de metros cubicos, a porta não libera mais água, e isso pode acontecer entre o dia 25 a 30 de março”, prevê.

O reservatório possui capacidade para armazenar 86 milhões de metros cúbicos.

O governador Cid Gomes, nessa terça-feira (29), ao falar de sua preocupação com as consequências da seca que se abatera no Ceará, neste ano, falou das providências que estão sendo adotadas para garantir o abastecimento de água potável para algumas populações cearenses e foi enfático ao citar a cidade de Crateús, como a mais ameaçada de um colapso no abastecimento. Ele falou também do novo ritmo das obras de transposição de águas do Rio São Francisco e as providências do Estado para que parte do líquido chegue logo à Região dos Inhamuns.

O Comitê Estadual de Combate à Seca do Ceará foi informado no último dia 14 da necessidade de uma adutora no açude, segundo a Defesa Civil. Além disso, o município pede o desvio do riacho Capitão Pequena, como forma de amenizar a falta de chuva na região. Isso porque o riacho deságua no rio Poty, que, por sua vez, é localizado em frente ao Açude Carnaubal. ”Notamos que existe muita frieza dos órgãos, porque tem várias ações que já deveriam ter sido tomadas há muitos anos, como o desvio do riacho Capitão Pequena. Se isso acontecesse, teríamos 10 milhões de água a mais e junto com a adutora seria mais 5 milhões de água”, informa Teobaldo.

A falta de adutora contribui para a diminuição de água do reservatório. Conforme o coordenador da Defesa Civil no município, a sua construção reduziria o desperdício que ocorre entre o reservatório e a distribuição da água, que sai do açude e passa pela antiga barragem do 40° BI.

Para agravar a situação, a Funceme anunciou na última sexta-feira (25) que os índices pluviométricos da quadra chuvosa em 2013 possuem grande probabilidade de ficar abaixo de 700 mm, média histórica no Ceará.

Apesar de cobrar medidas do comitê, Teobaldo admite que a cidade sofrerá de qualquer forma com a falta de abastecimento, caso não haja chuva nos próximos meses. “Mesmo que se tome essas medidas, não vai ter água, só vai ter se chover. O inverno é esperado abaixo da média e assim não repõe os recursos hídricos grandes, então a adutora só serviria para o próximo inverno”, lamenta.