Conselho regional da categoria vai distribuir aplicativo para 76 mil profissionais. Em caso de emergência, o sistema dispara um alerta para os contatos do profissional. A ferramenta é uma resposta aos ataques contra consultórios. Em um mês, dois dentistas foram queimados por assaltantes - Cinthya Magaly de Souza foi queimada viva em São Bernardo do Campo em 25 de abril; na segunda-feira, em São José dos Campos, Alexandre Peçanha Gaddy teve 60% do corpo queimado.
Consultório do dentista Alexandre Peçanha Gaddy |
O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) se reuniu ontem (29) em audiência com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) estadual para propor estratégias de ampliar a segurança dos cirurgiões-dentistas.
A audiência havia sido agendada há semanas, inicialmente para 6 de junho, quando da trágica morte da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza. Foi antecipada para esta quarta-feira por solicitação do CROSP, ante a brutalidade do ataque ao também dentista Alexandre Peçanha Gaddy, que, após assalto, foi incendiado por bandidos na noite de segunda (27).
Na Secretaria de Segurança Pública, o Conselho explanou inicialmente as ações que vem tomando para ampliar a segurança dos cirurgiões-dentistas, entre elas a criação do canal “Vamos nos Proteger”. Trata-se de email (vamosnosproteger@crosp.org.br) para a classe odontológica comunicar denúncias de casos de assaltos, violência ou similares. Já foram coletadas 31 denúncias dos mais diversos pontos do estado, 24 delas apenas em 24 horas (de terça para quarta-feira).
Simultaneamente o Conselho também já acertou com uma operadora de telefonia a ativação de um 0800 para denúncias. Esse serviço, em fase de implantação, deve começar a funcionar na próxima semana.
O secretário de Segurança de SP, Fernando Grella Vieira, e o delegado geral da polícia civil, Luiz Mauricio de Souza Blazeck, receberam, ainda, outra importante contribuição do Conselho: a ideia de criação uma cartilha com dicas de segurança para os cirurgiões-dentistas. Informalmente, foi acertado que CROSP, outras representações dos cirurgiões-dentistas (CD's) e as forças de segurança do estado formatarão o conteúdo em parceria.
“Muitos dentistas sofrem tentativas de assalto ou mesmo o assalto concretizado, mas não fazem boletim de ocorrência nem tentar contatar nenhum órgão responsável pela segurança pública, o que acaba prejudicando a própria formulação de estratégias de vigilância, pois a própria polícia fica sem dados que contemplem o número aproximado de crimes em determinadas regiões. A intenção das entidades odontológicas não é de maneira nenhuma substituir o papel da polícia, mas facilitar o possibilitar o registro rápido dessas informações”, afirma Cláudio Miyake.
O presidente do CROSP conta que foi levado à Secretaria de Segurança, por meio de ofício protocolado, o pedido de criação de uma delegacia especial para crimes contra profissionais liberais, em especial contra os CD’s.
Essa proposta ainda será aprofundada pelos órgãos públicos. De imediato, a SSP disponibilizará os contatos de uma rede oficial de autoridades policiais qualquer CD poderá acionar em caso de ameaças e suspeitas. Isso ocorrerá com o apoio do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (DEIC) e das Delegacias de Investigação Geral (DIGS).
Por fim, o CROSP anunciou que nos próximos dias disponibilizará para todos os profissionais do estado um aplicativo para celulares e tabletes, que permitirá acionar simultaneamente uma rede de contatos em caso de emergências, inclusive delegacias de polícia.
FONTE: Crosp