Governador criticou o posicionamento do padre Alexandre Fonseca, pároco de Novo Oriente. O religioso manifestou-se contrariamente à transposição das águas do açude Flor do Campo, em Novo Oriente, para o açude Carnaubal, em Crateús, sem a construção adutora.
Cogerh escava leito do rio Poty em preparação à operação de transposição de parte das águas do Flor do Campo para o açude Carnaubal. FOTO: padre Alexandre Fonseca |
O plano da Cogerh é alagar o leito seco do rio Poty, ou seja, abrir as comportas do Flor do Campo, que despejaria cerca de 8 milhões de metros cúbicos no leito do rio. O líquido, portanto, será conduzido pelos cerca de 70 Km que separam os dois reservatórios sem adutora, a céu aberto, sofrendo os efeitos da evaporação e da infiltração no solo. Segundo estudos da Cogerh, as perdas seriam de cerca de 30% do volume liberado.
O projeto da Companhia revoltou a população de Novo Oriente, que não é contrária à liberação da água para Crateús, desde que seja através de adutora. Um dos principais opositores à forma proposta pelo governo do Estado para transpor as águas do Flor do Campo tem sido o padre Alexandre Fonseca, pároco de Novo Oriente.
Os novorientenses temem o desperdício da água. Esta também é a preocupação dos crateuenses, cuja grande maioria apoia as manifestações contrárias à liberação da água do Flor do Campo para o Carnaubal sem adutora interligando os dois reservatórios.
O governador Cid Gomes, incomodado com o posicionamento do padre Alexandre, cobrou do Monsenhor Francisco Genival de Sousa, administrador diocesano da Diocese de Crateús, um posicionamento junto à Paróquia de Novo Oriente. Na opinião do governador, padre Alexandre estaria açulando os novorientenses contra o plano do governo estadual.
Monsenhor Genival solicitou parecer conjunto dos bispos do Ceará acerca da situação. Reunidos em Conselho Episcopal, os bispos cearenses emitiram parecer em que manifestaram apoio ao posicionamento do padre Alexandre e externaram preocupação com os prováveis danos ambientais decorrentes da transposição da água sem adutora, além de considerar a operação inviável.
Cogerh escava leito do rio Poty em preparação à operação de
transposição de parte das águas do reservatório Flor do Campo
para o açude Carnaubal. FOTO: padre Alexandre Fonseca
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A população, contudo, não se dá por satisfeita e exige medidas mais eficazes, com menos desperdício de água e sem agressões ao leito do rio Poty, para a solução do risco de desabastecimento em Crateús. Na próxima sexta-feira (14), a CE 187, rodovia que liga Crateús a Novo Oriente será interditada em protesto contra o projeto da Cogerh.
Ontem (11), membros da Comissão Diocesana de Justiça e Paz (CDJP) de Crateús formalizaram representação junto ao Ministério Público Federal (MPF). O procurador da República Patrício Noé, representante do MPF em Crateús, colheu depoimentos e recebeu fotografias. O objetivo da CDJP é denunciar os supostos danos ambientais que a operação da Cogerh estaria causando ao leito do rio Poty.
Confira a íntegra do parecer da CNBB-Regional Nordeste 1:
Confira a íntegra do parecer da CNBB-Regional Nordeste 1: