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domingo, 6 de outubro de 2013

Com racha na base aliada, Carlos Felipe pode perder maioria na Câmara de Vereadores

O resultado da votação do projeto da mudança de regime trabalhista dos servidores, ocorrida na quinta-feira (3), na Câmara de Vereadores de Crateús, evidenciou a crise na base aliada ao prefeito Carlos Felipe. A matéria, de autoria do Executivo, foi derrotada por 9 a 5, com três votos de vereadores da situação: Zé Humberto (PCdoB), Eva (PSL) e Toré (PV).

Bancada de situação
FOTO: Câmara Municipal de Crateús
Zé Humberto já anunciou a sua saída, não só do bloco governista mas também do PCdoB, a legenda do prefeito. O anúncio foi feito ainda na sessão de quinta, durante a discussão do projeto da mudança de regime, mas o vereador não informou o nome do seu novo partido.

A adesão formal de Zé Humberto à ala oposicionista e sua saída da legenda comunista é um duro golpe para Carlos Felipe. Além de atenuar a força da maioria do prefeito no Plenário da Câmara (oito a sete, contando com o presidente), a partida do vereador deixa o prefeito ainda mais dependente dos votos de Toré e Eva, parlamentares que não parecem estar dispostos a aceitar o cabresto da administração.

Em seu pronunciamento, na sessão da última quinta, Toré disse que não sabia se ainda permaneceria na base. Em outras oportunidades, o parlamentar "verde" já teria afirmado que não se incomoda em ter posicionamento minoritário dentre os aliados do prefeito, que corre o risco de ter mais um osso partido pela oposição.

Se para Carlos Felipe tem sido difícil lidar com Toré, parece ainda mais complicado controlar Eva. A única representante feminina no parlamento municipal não parece adepta do fisiologismo, que tradicionalmente rege as relações entre Executivo e Legislativo em nosso município. Fato que comprova isso é exatamente o seu voto contrário à proposta da mudança de regime: se a matéria fosse aprovada, o grupo da vereadora seria beneficiado, em tese, com o controle da futura Secretaria de Esportes, hoje um departamento chefiado por Arquimedes Moreira, o Quimides, ligado à Eva.

Outra secretaria cuja criação foi comprometida pelo resultado da votação de quinta é a de Gestão Administrativa, também hoje um departamento, chefiado por Aurineide Aguiar. A nova Pasta seria comandada, pelo menos em hipótese, pelo grupo ligado ao vereador João de Deus, ferrenho defensor da mudança de regime trabalhista. Com a derrocada da proposta, a criação da secretaria também "subiu no telhado".

A entourage filipista na Câmara está profundamente insatisfeita com o posicionamento de Toré e Eva, considerando a dissidência dos colegas um ato de perfídia contra a base e exigem retaliações. Há quem defenda, inclusive, a saída dos dois parlamentares do bloco governista. O próprio Carlos Felipe já afirmou que Toré e Eva terão um "tratamento diferenciado" em relação aos demais vereadores aliados, considerados mais fiéis.

A saída de Toré e Eva beneficiaria enormemente os demais vereadores da situação, que teriam mais participação no governo, com mais cargos, mais influência, mais poder. Mas complicaria, definitivamente, a vida de Carlos Felipe no Legislativo. Afinal, de pouco ou nada adianta contar com a devoção cega de seis vereadores e ser derrotado em votações importantes. Além disso, a debandada de Toré e Eva poderia facilitar a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito-CPI, cuja criação tem sido defendida por vereadores da oposição. Também não podemos esquecer que a Câmara deve apreciar dentro de alguns meses as contas de governo de Carlos Felipe, que precisará de votos para aprová-las, principalmente se a recomendação do Parecer Prévio emitido pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) for pela desaprovação, hipótese em que seriam necessários pelo menos 10 votos para que o Parecer do TCM deixasse de prevalecer, de acordo com o art. 31, §  2º, da Constituição.

A verdade é que Carlos Felipe precisa muito mais de Toré e Eva do que Toré e Eva precisam dele. Mas a base já teria dado um ultimato ao prefeito: "nós seis ou eles dois".
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