Moacir de Sousa Soares
A dengue é
considerada como uma das principais viroses urbanas que está afligindo o mundo,
dado a sua forte abrangência geográfica. Segundo o Ministério da Saúde dos
cinco continentes, os sorotipos circulam
em quatro. Também estima que em média de 80 milhões de pessoas são infectadas
anualmente e mais de 500 mil casos na forma hemorrágica com aproximadamente 19
mil óbitos. A dengue é uma doença que produz
um intenso sofrimento humano, além do risco de óbito quando manifestada na sua
forma mais grave, os casos hemorrágicos. Essa virose tem se transformado numa
novela de mau gosto que parece não ter fim; a cada inicio do ano recrudesce e
sempre em tom de ameaça.
Balanço
recente divulgado pelo Ministério da Saúde, apontando que em 2013 no foram
notificados 1.476.917 casos suspeitos da doença em todo o Brasil. Representando
um aumento de 54,6% em relação a 2010. Valendo ressaltar que Minas Gerais, Rio
de Janeiro, São Paulo e Goiás concentram 68% das notificações. Os números
atestam a preocupação, pois no ano passado 6.566 foram notificados como casos
graves de dengue com 573 óbitos e 57.452 internações.
A origem do
AEDES AEGYPTI, vetor da dengue, é
africana. E, quem contamina é a fêmea, com hábitos diurnos para picar; por
precisar de sangue para completar o processo de amadurecimento de seus ovos,
que logo se transformam em larvas e posteriormente em mosquito que vive em
média 45 dias. Nesse período de sobrevida, pode fazer até três posturas de 350
ovos aproximadamente, que resistem até 450 dias caso não tenham contato com
água para eclodir.
Por não ter
sintomas específicos, a DENGUE é uma doença fingida e podendo ser confundida
com várias outras viroses, como: Gripe, Sarampo, Rubéola, Leptospirose, entre outras
que provocam quadro clínico com sintomas semelhantes ao da dengue, que são:
Febre Alta, Prostração Intensa, Dores de Cabeça, Mialgias (dores musculares),
Calafrios, Dores Retro Orbitarias (dores nos olhos), Rigidez Articular,
Exantemas, Náuseas, Vômitos, Anorexia (depois dos dois pontos tudo minúsculo) e
Manifestações Hemorrágicas. Vale ressaltar que nem todas as pessoas acometidas
da doença venham a sentir esses sintomas, razão maior para que ao senti-los
qualquer um deles, procurar os serviços de saúde e, através de um exame
laboratorial, precisar o diagnóstico.
Há dois tipos de notificação: A
Clínica Epidemiológica e a Positividade Sorológica. Na confirmação virológica,
o exame deve ser realizado do 1º ao 5º dia, já a sorologia, entre o 8º ao 15º
dia depois de manifestados os primeiros sintomas no paciente. Como são quatro
os sorotipos da dengue, qualquer pessoa pode ter mais de uma vez a doença, pois
se desenvolve imunidade permanente somente para aquele tipo de vírus que se
contraiu e a imunidade cruzada é apenas por curto prazo. E, é nessa repetição
da doença que aumenta a probabilidade de quadros hemorrágicos.
Números
recentes mostram que no Brasil existem circulando todos os quatros tipos de
vírus da dengue. Vale ressaltar que o aparecimento do sorotipo 4, significa um
alerta para o aumento dos casos de dengue hemorrágica com elevado risco,
notadamente para a população mais susceptível: idosos, cardíacos, portadores de diabetes e hipertensão e crianças.
Muito embora todos os sorotipos possam evoluir para situação grave e fatal. Não
há um tratamento específico para a dengue. As formas comuns das terapias
curativas consistem em hidratação oral (água, sucos naturais, chás etc), o
paciente precisa evitar fazer uso de SALICIILATOS (ASS), ter absoluto repouso,
fazer uso da dipirona ou paracetamol como analgésicos e antitérmicos
recomendáveis. Já para os casos hemorrágicos, o tratamento é bem mais complexo,
como: "corrigir o distúrbio de coagulação, transfusão de sangue fresco ou
concentrado plaquetário, combater a acidose", entre outras condutas
médico-hospitalares como descritos nos Protocolos Clinico do MS/SESA.
O Combate
ao mosquito transmissor demanda intensa vigilância epidemiológica, por isso
requer tanta atenção o índice larvário identificado em cada área. A *O.M.S.
considera sem riscos de transmissibilidade quando esse índice de infestação esta
menos de 1%, acima disso carece de um conjunto de ações intersetoriais e
participação da sociedade para evitar surto e ou epidemias da doença. As ações
indispensáveis são muitas como: limpeza urbana, saneamento básico,
abastecimento d’água, bom serviço de vigilância em saúde, educação em saúde dentre
outros cuidados que evitem a reprodução do mosquito.
Enfrentar a
dengue nesse período de escassez d'agua é uma dura tarefa, devido a facilidade
com que o mosquito encontra para se reproduzir, devido ao excessivo número de
pequenos reservatórios com água nos domicílios. Acabar com a dengue é
impossível enquanto não for descoberta uma vacina. E por falar em vacina, somos
crédulos que não tardará sua descoberta. Já se tem notícias que testes em
humanos iniciaram nos EUA que foi a primeira fase do teste. A próxima fase
acontece no Brasil com voluntários que nunca tiveram dengue escolhidos pelo
Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. A
terceira fase com indivíduos de outras regiões do Brasil que já podem ter tido
contato com o vírus segundo agência USP.
Mas enquanto não
dispomos desse imunoprevinível é quase impossível devido às condições de
urbanização desordenada e os aspectos socioeconômicos e ambientais do
"mundo moderno" que favorecem a rápida proliferação do mosquito.
As
sociedades convivem com problemas de: acelerado processo de urbanização
desordenada, deficiências no abastecimento d'água, aquecimento global,
precárias condições de vida, lixo a céu aberto, pouca educação em saúde e, além
disso, há o agravamento da situação epidemiológica, com a vulnerabilidade de
novas epidemias pelo conjunto de sorotipos circulante. Somam-se a isso, a
ineficiência dos tradicionais métodos de controle e combate ao mosquito, à
descontinuidade das ações e aos parcos recursos dos Governos para enfrentar a
magnitude do problema.