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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Com a falta d'água, indústria da seca prospera em Crateús

Crateús clama por água. O desastre estava anunciado, mas pouco foi feito para evitar o flagelo da falta d'água, que tão duramente castiga nosso povo. A evidente omissão do poder público em adotar medidas preventivas contra o colapso no abastecimento causa ainda mais indignação quando se nota a flagrante exploração econômica e, especialmente, política do sofrimento da população crateuense.

População faz fila para comprar água dessalinizada
FOTO: Alexandre Araújo Costa
Alimentado pelo colapso no abastecimento hídrico do município, o negócio da água prospera em Crateús. A necessidade trouxe a oportunidade para comerciantes faturarem alto com a venda do "produto" ou de reservatórios para acondicioná-lo. Recipientes como roupeiros, tonéis e caixas d'água, cujos preços encareceram significativamente, já são artigos raros em muitos estabelecimentos. O preço da água igualmente inflacionou. Para muitas famílias crateuenses, o custo de manter o abastecimento doméstico chega a ultrapassar em mais de 20.000% o gasto habitual. Nestas condições, são poucos os que conseguem manter o consumo habitual de água sem comprometer seriamente o orçamento familiar.


O drama da falta d'água aflige a todos os crateuenses, mas é indiscutível que os mais penalizados são os mais pobres. A carência aguda, a sede premente impõem a intervenção dos governos e possibilitam a reedição dos padrões de assistencialismo e clientelismo, que marcam a atuação política na nossa região.


Em meio ao sofrimento da população, é repugnante a atitude de politiqueiros, que tentam obter dividendos político-eleitorais na esteira das ações governamentais, portanto, custeadas com recursos públicos, destinadas ao enfrentamento do caos hídrico que se estabeleceu em Crateús, consequência, em grande medida, da atuação omissa e inexpressiva de muitos deles. 

O cenário de desespero ocasionado pela falta d'água em Crateús, portanto, tem servido bem aos interesses de certos grupos que se utilizam da escassez para aumentar seu poder econômico e sua influência política. E assim, a indústria da seca progride no município. 

A esses exploradores do sofrimento do povo crateuense, pouco interessa garantir, de forma definitiva, a segurança hídrica dos munícipes. Mais vantajoso é explorar a necessidade da população. Para alguns, o interesse é o voto; outros visam ao lucro. 
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